Usar telefone móvel enquanto dirige é comparado a um voo cego
Definitivamente, falar ao celular e conduzir um veículo não combina. Isso foi comprovado cientificamente e o Código de Trânsito Brasileiro classifica como infração média o ato de dirigir com apenas uma das mãos ou falando ao celular.
No trânsito da maior cidade do país, São Paulo, o uso do celular pelos motoristas já aparece como uma das principais causas de acidentes.
Especialistas explicam que ao atender o celular enquanto dirige, o motorista está usando a audição e não a atenção dirigida para guiar o carro. O cérebro precisa fazer contas, calcular ações e desviar a atenção do controle visual e motor para o auditivo. As reações ficam mais lentas e isso propicia a ocorrência de acidentes. A audição é decodificada em uma área no cérebro e a visão, em outra. Ou seja, o motorista que dirige e fala ao celular faz duas coisas quando deveria fazer uma só.
“Estava dirigindo e mandando mensagem. Quando penso que não, eu estava fechando o rapaz do meu lado”, conta Emerson dos Santos Freire, 19 anos, na época que estava tirando sua carteira de habilitação.
A melhor recomendação é desligar o celular ao assumir o volante. Quando se guia um automóvel, entre 90% e 95% das informações necessárias para administrar riscos estão relacionadas à visão. Ao desviar o olhar para atender o celular ou tocar o visor do aparelho, o motorista inicia um voo cego.
Dados da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet) mostram que o motorista leva até quatro segundos pra pegar o telefone, mais cinco para discar o número. A 50 quilômetros por hora, são 125 metros de voo cego. E o pior... “Depois que você desliga você ainda vai fazer as reflexões do que escutou e do que falou, você continua desconectado da direção veicular”, diz o diretor da Abramet, Dirceu Rodrigues Alvez.
E no ABC Paulista, a história não é diferente. Do ano passado pra cá, mais motoristas foram flagrados dirigindo e falando ao celular ou mandando mensagens.
A cidade que teve maior aumento de multas aplicadas foi São Bernardo do Campo, com 40% dos motoristas autuados. Santo André vem em seguida com um aumento de 15%.
Pesquisa realizada pela instituição inglesa RAC Foundation mostra que esse hábito é mais perigoso do que beber e dirigir, pois, usar o telefone enquanto dirige diminui o tempo de reação em até 35%, enquanto com o álcool, a redução é de 12%.
O Especialista em transportes, Creso Peixoto, acredita que a mistura de celular e direção é uma ação perigosa que ganhou força com o crescimento ao acesso à telefonia móvel. “Mesmo o viva voz distrai o motorista, que divide a atenção no trânsito com a tarefa.”
E o instrutor de uma autoescola de São Caetano do Sul, Bruno Garbelotti, conclui que não tem um bom motivo para dirigir e falar em celular. “Não dá para assoviar e chupar cana ao mesmo tempo”.